Conjuntura do Agronegócio

1. Declaração de chanceler sobre China gera mal-estar com o agronegócio

As declarações hostis à China feitas pelo chanceler Ernesto Araújo em aula magna no Instituto Rio Branco nesta semana provocaram um mal-estar entre representantes do agronegócio brasileiro em Brasília, que cogita conversar inclusive com o presidente Jair Bolsonaro para evitar reações de Pequim.

Em sua fala, o ministro das Relações Exteriores afirmou para futuros diplomatas na última segunda-feira que “não vamos vender a alma” para exportar soja e minério de ferro. Ele afirmou que a política externa brasileira recente que priorizou o comércio com países da América Latina, Europa e Brics foi uma “aposta equivocada” e defendeu a importância do Brasil estreitar parcerias comerciais com os Estados Unidos.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e deputados da bancada ruralista tiveram ontem um almoço com o chanceler para tratar de China, entre outros assuntos da pauta internacional de interesse do segmento agropecuário.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também produziu uma breve carta a ser entregue a Araújo, em que demonstra insatisfações sobre o tema e detalha números que mostram porque a China se tornou o principal parceiro comercial.

"A FPA gostaria de externar a sua preocupação em relação às supostas declarações reproduzidas pelo noticiário nacional, nas quais teriam sido feitas afirmações no sentido de diminuir a importância das relações comerciais entre Brasil e China”, diz o texto obtido pelo Valor.

A carta argumenta que a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. E que, além da soja – carrochefe das exportações do agronegócio brasileiro –, o setor também possui um grande leque de itens exportados aos chineses como celulose, carnes bovina e de frango, açúcar e algodão, e com “forte potencial” para um grande número de outros produtos como suco de laranja, frutas in natura, café, arroz, laticínios e biotecnologia agrícola, entre outros.

Por outro lado, Ernesto Araújo tem feito diversos acenos positivos ao agronegócio e prometido atenção especial a acordos comerciais e negociações que favoreçam o setor. Como parte da reestruturação do Itamaraty, o chanceler até criou um departamento exclusivo para tratar questões do segmento agropecuário. E também está prevista uma viagem de Bolsonaro para a China no segundo semestre deste ano.

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Fonte: Valor Econômico

2. Antes de viajar, Bolsonaro destaca projetos sobre pesca e ecoturismo

Pouco antes de viajar para os Estados Unidos, onde terá reuniões com integrantes do governo de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) apontou como relevantes projetos em implementação para tratar de ampliações no setor de pesca e ecoturismo no Brasil.

“O secretário de ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente, Gilson Machado Neto, em conversas constantes com o secretário da pesca, José Self Júnior, discutem projetos embrionários de redução de frota pesqueira e inclusão dos pescadores como pioneiros no setor de turismo e preservação”, disse Bolsonaro por meio do Twitter na manhã deste domingo.

“A ideia é reduzir esforços de pesca, aumentar o turismo de mergulho e pesca esportiva e criar novos recifes com embarcações naufragadas, como já é feito no mundo todo gerando um ambiente de consciência, preservação e empregabilidade natural”, completou o presidente referindo-se aos projetos no setor.

Self Júnior é filiado ao PSL, partido de Bolsonaro.

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Fonte: Valor Econômico

3. Tereza Cristina acompanha Bolsonaro em viagem aos Estados Unidos

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, viaja na manhã deste domingo (17/3) para Washington, nos Estados Unidos, na comitiva do presidente Jair Bolsonaro. De lá, ela vai para Nova York, onde terá uma série de eventos oficiais, segundo sua assessoria de imprensa.

Conforme programação divulgada pela pasta, o primeiro evento em Washington será às 19h, um jantar do presidente e sua comitiva com formadores de opinião na embaixada do Brasil em Washington. Na segunda-feira (18/3), a ministra terá uma reunião, às 11h30, com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno. Às 13h30, Tereza Cristina participará do Brazilian Day Washington, no US Business Council, ligado a US Câmara de Comércio.

"Inicialmente, ela participará de uma mesa redonda com executivos de empresas americanas que têm interesses no Brasil. Depois, haverá um painel sobre oportunidades de investimentos, com a participação também dos ministros Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia), moderado pela CEO da Boeing no Brasil, Donna Hrinak." Às 16h45m, a ministra se junta à comitiva do presidente Jair Bolsonaro, no painel "O futuro da economia brasileira".

Na terça-feira (19/3) pela manhã, acompanhará o presidente Bolsonaro na visita à Casa Branca. O presidente terá um encontro privado com o presidente Donald Trump e, depois, haverá almoço de trabalho com a participação de toda a comitiva. Em seguida, haverá uma declaração à imprensa. E, então, toda a comitiva irá a uma cerimônia de deposição de flores no Cemitério Nacional de Arlington. À tarde, a ministra terá reunião com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, no Departamento de Agricultura. E depois seguirá para o aeroporto, para viagem a Nova York.

Na quarta-feira (20/3), a ministra será a convidada de honra em evento do Council of The Americas, no Hotel Plaza Athénée, com investidores e executivos internacionais. De início, haverá uma reunião com o CEO do Council of The Americas, Susan Segal, e depois um café da manhã privado com cerca de 20 pessoas. Depois de entrevista à imprensa, Tereza Cristina participará de evento do Banco do Brasil em parceria com a Brazilian American Chamber of Commerce.

Na quinta-feira (21/3), a ministra terá um café da manhã com executivos e empresários no The National Hotel, em evento promovido pela XP Investimentos. À tarde, viajará de volta ao Brasil.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

Insumos

4. Ministério da Agricultura libera R$ 73 milhões para seguro rural

O Ministério da Agricultura anunciou a liberação de R$ 73 milhões para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) nos meses de março e abril. Do total, R$ 52,8 milhões serão destinados às culturas de inverno, como o milho “safrinha”, trigo e demais cereais. O restante do recurso será disponibilizado para as frutas, pecuária e demais culturas.

“Conseguimos liberar uma parte dos recursos previstos para o primeiro semestre deste ano. Com isso, o produtor poderá contratar sua apólice de seguro com apoio do governo federal e, desta forma, proteger sua lavoura”, afirmou o secretário de Política Agrícola do ministério, Eduardo Sampaio.

De acordo com o diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Mapa, Pedro Loyola, no final de abril, deverá ser publicado um novo cronograma mensal de liberação do orçamento para PSR até o fim do ano. Loyola ressaltou também que o valor total aprovado na Lei Orçamentária Anual deste ano é de R$ 440 milhões e que o ministério se empenhará para disponibilizar integralmente este valor aos produtores, mesmo diante da restrição fiscal.

A medida foi tomada durante reunião do Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural (CGSR) na última segunda-feira e publicada no Diário Oficial da União.

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Fonte: Valor Econômico

5. Cresce mercado de bioinsumos para o agro

Um texto publicado no www.clarin.com, por Fernando Vilella, que é diretor do Programa de Bioeconomia da Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires, indica que o mercado de bioinsumos está crescendo constantemente dentro da agricultura. De acordo com ele, essa é uma alternativa de grande potencial para o controle de pragas e doenças nas lavouras, mais sustentável que os produtos químicos.

“As crescentes demandas consolidadas dos múltiplos produtos da fotossíntese só podem ser fornecidas em larga escala por alguns países onde apenas 10% da população mundial vive, a grande maioria dos mais populosos é cada vez mais deficiente. Um requisito intergeracional inevitável é preservar seriamente os recursos naturais que o permitem. Entre as diferentes estratégias para alcançar a sustentabilidade, em um sentido amplo, está a utilização de agrotóxicos mais amigáveis. Hoje, cerca de 80% dos classificados em faixas verde e azul são usados, ou seja, os menos perigosos”, escreveu.

O outro processo que cresceu rapidamente é obtenção de moléculas ou microrganismos da natureza, adequados para a proteção de culturas contra pragas e doenças ou melhorar a nutrição favorecendo a fixação do azoto ou solubilizar o fósforo e outros nutrientes. “Isso é possível a partir do estudo da enorme diversidade biológica de espécies e metabolismos que dialogam entre si. Aproveitar as moléculas que eles usam nesses processos, com diferentes estratégias defensivas e ofensivas, tem um background antigo como o uso de inoculantes em leguminosas, mas são de multiplicação incipiente”, conclui.

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Fonte: Agrolink

6. Culturas tolerantes à seca promovem segurança alimentar

O Ministério da Agricultura, Água e Silvicultura da Namíbia, indicou que as culturas geneticamente modificadas para terem tolerância à seca contribuem diretamente para a manutenção da segurança alimentar no país. Isso porque a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) melhorou as variedades existentes de sementes de feijão caupi e sorgo em seu primeiro programa de melhoramento de plantas.

“A conquista de variedades e qualidade melhoradas das culturas tem um papel importante na produção de alimentos e, consequentemente, na garantia da segurança alimentar”, disse Johanna Andowa, Diretora de Pesquisa do Ministério. “Inicialmente, nós só tínhamos uma variedade de sorgo e três variedades de feijão-frade, e agora com as recém-lançadas quatro variedades de sorgo e sete de feijão-frade, os agricultores têm mais opções para escolher. Essas variedades estão contribuindo para o objetivo nacional de produzir culturas de alto rendimento, com melhor tolerância a estresses físicos e biológicos, bem como melhor qualidade nutricional”, completa.

As variedades tradicionais de sementes não atendem mais às necessidades de cerca de 700.000 lares agrícolas no norte da Namíbia, onde a seca e o solo pobre inibem a produtividade das plantações. "Os agricultores relataram perdas de produtividade e a consequente diminuição na produtividade está contribuindo para a insegurança alimentar, a desnutrição e até a fome”, comenta Andowa.

Espera-se que as novas variedades beneficiem mais de 8.000 agricultores na primeira temporada, e mais agricultores poderão se envolver com o aumento da produção de sementes, disse Andowa.

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Fonte: Agrolink

Proteína Animal

7. Peste na China pode favorecer ações de frigoríficos, dizem analistas

O surto de peste suína africana na China, que já provocou o sacrifício de quase 1 milhão de animais, começa a entrar no radar dos analistas que acompanham os frigoríficos brasileiros com ações listadas na B3.

Embora ainda seja difícil precisar o volume que o país asiático terá de importar devido à redução do plantel — a China é responsável por 50% do consumo global de carne suína —, é consenso que os frigoríficos do Brasil e dos Estados Unidos serão beneficiados com a demanda de importações do país asiático.

Em relatório divulgado nesta semana, o analista Leandro Fontanesi, do Bradesco BBI, recomendou que os investidores cubram as posições vendidas (que apostam na baixa das ações) nos frigoríficos.

Na avaliação do Bradesco, as ações da BRF, maior exportadora mundial de carne de frango, estão muito desvalorizadas. O analista enxerga potencial de recuperação dos papéis da dona de Sadia e Perdigão.

O preço-alvo do Bradesco BBI para as ações da BRF é de R$ 30. Há pouco, os papéis da companhia subiam 6,8%, a R$ 22,16 na B3.

Hoje, o BTG Pactual também divulgou relatório destacando o potencial “disruptivo” da peste suína africana para o comércio global de carnes. De acordo com os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, que assinam o relatório do BTG, a China responde por 13% das importações mundiais de carne.

Nesse cenário, o BTG recomendou a compra das ações de Marfrig e JBS. Esta última produz carne suína não só no Brasil, mas também nos EUA, destacou o BTG. Os americanos são os maiores exportadores de carne suína para os chineses.

No caso da Marfrig, que só produz carne bovina, os analistas do BTG avaliaram que ainda é difícil saber o impacto da peste suína africana na China sobre as cotações da carne bovina. No entanto, é certo que haverá um impacto positivo na demanda.

Há pouco, as ações da JBS subiam 3,82%, a R$ 14,95. Os papéis da Marfrig registravam alta de 2,71%, a R$ 6,07. O Ibovespa sobe 0,5%.

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Fonte: Valor Econômico

8. Acionistas da Minerva lucram com aumento de capital

Os acionistas da Minerva Foods que acompanharam o aumento de capital privado de cerca de R$ 1 bilhão feito em dezembro pela companhia de carne bovina estão no lucro — pelo menos até aqui.

Na prática, aqueles que subscreveram as ações emitidas pela empresa brasileira pagaram R$ 6,42 por cada papel. Em troca, também receberam um bônus de subscrição de novas ações da Minerva, que pode ser negociado na bolsa e vence em 2021. Atualmente, o combo (as ações compradas e os bônus recebidos) vale R$ 8,97, o que significa uma valorização de quase 40%.

Acionistas controladores, a Salic, gestora do reino da Arábia Saudita, e a família Vilela de Queiroz foram os principais beneficiados pela aposta feita em um momento no qual os investidores demonstravam preocupação com o excessivo endividamento da Minerva — a empresa teve prejuízo de R$ 1,2 bilhão em 2018.

Ao todo, a empresa emitiu 150,2 milhões de novas ações em dezembro. Um volume semelhante de papéis foi distribuído em bônus de subscrição, instrumento derivativo que tem o mesmo efeito prático de uma opção de compra das ações da Minerva. Os papéis podem ser convertidos em ações da empresa, por R$ 6,42, até o fim de 2021. O acionista pode converter as ações uma vez por mês. Alguns até já o fizeram e posteriormente venderam os papéis por R$ 6,80, apurou o Valor. Na prática, tiveram um lucro de 5,9%.

Das 150,2 milhões de ações emitidas, 81,7% foi subscrito por Salic e VDQ, o veículo de investimentos da família Vilela de Queiroz que tem cinco assentos no conselho de administração. Fernando Galletti de Queiroz, um dos principais cotistas da VDQ, é o presidente-executivo da Minerva. Atualmente, a Salic tem 32,9% das ações da companhia e a VDQ, 29,1%. Antes do aumento de capital, os sauditas tinham 21,1% e os Vilela de Queiroz, 27,8%.

Majoritários no aumento de capital, Salic e VDQ são também, consequentemente, os maiores detentores dos bônus de subscrição, que na sexta-feira valiam R$ 2,25 na B3. As cotações dos bônus de subscrição — negociados na bolsa com o código BEEF11 — variam conforme as próprias ações da Minerva, o prazo de vencimento (2021) e a volatilidade dos papéis da empresa. No acumulado de 2019 até dia o 15, as ações da Minerva se valorizaram 34,6%, de R$ 4,99 para R$ 6,72.

Para a Minerva, o bônus de subscrição também representa a possibilidade de uma nova injeção de capital, de cerca de R$ 1 bilhão, no fim de 2021, quando os bônus vencerem. Em teoria, essa nova injeção poderia sustentar eventuais investimentos da empresa em aquisições.

Embora isso hoje não esteja no radar da Minerva, que se prepara para abrir o capital da subsidiária Athena Foods na bolsa de Santiago (Chile) para seguir reduzindo dívidas, não se pode descartar que, em três anos, não existam oportunidades de aquisição para ampliar a produção de carne bovina ou o negócio de distribuição de alimentos no Oriente Médio, áreas nas quais a companhia brasileira já demonstrou interesse.

Os investidores que participaram do aumento de capital têm, no entanto, uma alternativa mais atraente para 2021. Se as operações e o caixa da Minerva estiverem em ordem, a empresa poderia até mesmo recomprar os bônus de subscrição e monetizar o acionista. O total de bônus de subscrição no mercado vale hoje mais de R$ 330 milhões. Há quatro meses, essemontante sequer existia.

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Fonte: Valor Econômico

9. Paraná está pronto para receber status de área livre de febre aftosa sem vacinação

Setores público e privado têm se empenhado para que o Estado tenha seu serviço de defesa agropecuária reconhecido internacionalmente e auditorias do Ministério da Agricultura atestaram as boas condições sanitárias da pecuária do Paraná.

Desde que definiu como objetivo a obtenção do status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, os setores público e privado têm se empenhado para que o Estado tenha seu serviço de defesa agropecuária reconhecido internacionalmente, e ocupe o lugar que lhe cabe no mercado mundial de proteína animal.

No ano passado, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou auditorias necessárias para que seja encaminhado o pedido do Paraná à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Os técnicos do Mapa estiveram aqui em janeiro e agosto de 2018 com a missão de avaliar programas, estrutura, capacidades técnica, financeira e administrativa do serviço de vigilância da sanidade agropecuária paranaense.

Estas auditorias verificaram se o Estado tem, de fato, as condições necessárias para pleitear o status de área livre de febre aftosa sem vacinação e depois mantê-lo. Afinal, uma vez solicitada a retirada da vacina, após período de vigilância, não poderá mais haver a presença de anticorpos que indiquem a presença do vírus ou da vacina por aqui.

O resultado das duas auditorias foi excelente. O serviço de defesa agropecuária do Paraná foi o mais bem avaliado do Brasil, melhor até do que o do único Estado brasileiro que já goza do status livre de febre aftosa sem vacinação, Santa Catarina. Para efeito de comparação, o Paraná superou a pontuação da auditoria do Mapa em 48% dos quesitos e alcançou a pontuação necessária em 35%. Apenas 16% dos itens analisados ficaram abaixo da pontuação, o que gerou um plano de ação com nove itens, dos quais sete estão em implantação pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e os outros dois em processo de finalização (contratação de fiscais para garantir o funcionamento pleno das barreiras sanitárias e a construção do posto de fiscalização sanitária em Campina Grande do Sul – em fase final de aprovação pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

A boa avaliação do sistema veterinário paranaense não é fortuita, tampouco é resultado apenas das ações voltadas ao aprimoramento da sanidade no Estado realizadas no último governo. “Há mais de 40 anos que o Paraná busca o fim da vacinação contra febre aftosa, trata-se de um processo longo, que envolveu o compromisso dos setores público e privado para que todo o Estado saísse ganhando. A certificação pela OIE é o coroamento de todo este esforço”, observa o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

Inicialmente, o Paraná só se tornaria livre da vacinação em 2023, que é a data estabelecida em um primeiro momento pelo Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), conduzido pelo Mapa. O Ministério dividiu o país em blocos regionais para a retirada gradual da vacina. O Paraná faria parte do Bloco V, ao lado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina (que já é área livre de febre aftosa sem vacinação), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Porém, as condições sanitárias do Paraná permitiram que o Estado antecipasse a retirada da vacina, para tornar-se área livre sem vacinação já em 2021. Essa possibilidade está prevista no “Plano Estratégico: 2017 – 2026”, do PNEFA, no sub tópico “cronograma de transição”, onde diz: “Durante a execução do Plano, poderá ser avaliada a necessidade, possibilidade e oportunidade de antecipar ou adiar o processo de transição individual ou coletivo em qualquer dos blocos organizados”. Ou seja, o que o Paraná está pleiteando não é nada fora do escopo dos planos do Mapa.

Além disso, ao longo das últimas décadas, o Estado se estruturou – com a participação de diversos setores da sociedade – de modo a fortalecer sua defesa agropecuária. Nessa trajetória podemos destacar a criação dos Conselhos de Sanidade Agropecuária (CSA’s), que atuam localmente para promover a sanidade animal e vegetal; a criação do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná (Fundepec), que, dentre outras atribuições, viabiliza recursos para emergências sanitárias do Estado.

“Nós estamos trabalhando há muito tempo para se tornar área livre [de aftosa] sem vacinação. Enfrentamos interesses pontuais e conseguimos, junto com todas as entidades ligadas ao agronegócio do Paraná, cumprir o dever de casa. Ou seja, criar condições para a retirada da vacina, como a recomposição das barreiras interestaduais e outras ações”, pontua o vice-presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Elias José Zydek.

Também foram criados fóruns permanentes de discussão de assuntos sanitários, que debatem temas direcionados às diferentes cadeias produtivas, a exemplo do Conselho Estadual de Sanidade Avícola (Coesa), e do Comitê Estadual de Sanidade de Suínos (Coesui). Este último, por exemplo, atuou na elaboração da Portaria nº 265, da Adapar, que regulamenta a biosseguridade de granjas de suínos no Estado. Esse trabalho foi coordenado pela FAEP. Desta forma, o Paraná é o único Estado do país a contar com uma regra balizadora para construção de um ambiente de produção mais seguro no controle de doenças. Ou seja, o Estado vem aprimorando sua capacidade de defesa sanitária há muito tempo.

Desta forma, causa estranheza a declaração do secretário de Agricultura e Pesca do governo de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa, proferida no dia 21 de fevereiro deste ano, na qual ele vê com “preocupação” a retirada da vacina no Paraná. A FAEP, imediatamente rebateu a afirmação, divulgando Nota de Repúdio, na qual o presidente da entidade elenca os motivos pelos quais o Paraná pode e deve galgar este novo status sanitário.

Apesar de a vacina ser aplicada em bovinos, todas as cadeias – animais e vegetais – se beneficiarão desta condição. “A retirada da vacina é funciona como uma certificação de que o serviço veterinário é bom. Isso abre as portas de novos mercados”, avalia Meneguette.

O teor da preocupação do secretário catarinense (empossado no início deste ano) não fica muito claro. Em nota encaminhada em resposta a uma solicitação do Sindicato Rural de Cascavel, na região Oeste, a secretaria argumenta que a retirada da vacinação em outros Estados poderia “demandar uma atenção ainda maior da defesa agropecuária catarinense”. Ora, tal afirmação não poderia estar mais incorreta.

De acordo com o vice-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) e membro do Grupo Interamericano para a Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), Sebastião Guedes, “para Santa Catarina, se o Paraná for livre da aftosa sem vacinação vai representar uma preocupação a menos. Do ponto de vista técnico, seria uma fronteira a menos para Santa Catarina se preocupar. Poderia com isso intensificar a vigilância na fronteira com o Rio Grande do Sul, por exemplo”, observa.

Mesma opinião tem o médico veterinário e consultor do Mapa, Cleandro Pazinato. “Do ponto de vista técnico seria estratégico para Santa Catarina ter um Estado vizinho na mesma condição. Não faz sentido argumentar tecnicamente contra isso, só se houver outra motivação”, pondera.

Acesso a mercados

Por conta de seu status de área livre de aftosa sem vacinação, hoje Santa Catarina acessa mercados que nenhum outro Estado brasileiro consegue entrar e que pagam mais pela carne, como a Coreia do Sul. Mais uma vez é bom lembrar que não se trata aqui do potencial da pecuária bovina, mas de outras cadeias como suínos e aves, nas quais Paraná e Santa Catarina são os maiores produtores do Brasil.

Para efeito de comparação, o Paraná responde por apenas 1,91% da receita das exportações brasileiras de carne bovina e Santa Catarina somente 0,29%. Já no setor de suínos, em 2018 os catarinenses exportaram um volume de 326.304 toneladas, respondendo por 51,1% da receita total das exportações nacionais deste tipo de carne. Já o Paraná, no mesmo período, respondeu por 17,37% da receita, com volume de 106.970 toneladas.

Na avicultura esta relação se inverte. O Paraná marcou participação de 36,44% na receita de exportação em 2018, enquanto Santa Catarina respondeu com 28,67%. Segundo Zydek, que também é diretor executivo da Frimesa, cooperativa que tem forte atuação no setor de suínos, atualmente cerca de 65% do mercado mundial estão fechados para os produtos paranaenses por conta do nosso status sanitário. “Hoje, em dólar, os mercados que nós acessamos pagam em torno de 15% a menos”, afirma.

Na opinião de Zydek, o Estado não pode esperar mais por este reconhecimento. “O Paraná perdeu mais uma oportunidade de expandir o comércio de carne suína para Coreia do Sul, que aprovou recentemente plantas em Santa Catarina. É mais um exemplo do tempo e do dinheiro que a suinocultura paranaense está perdendo”, observa, referindo-se ao recente credenciamento de novas plantas habilitadas para exportar para o país asiático, todas elas localizadas em solo catarinense.

Nunca é demais recordar que o fim da vacinação contra febre aftosa eleva todo nível de reconhecimento da sanidade paranaense. “Qualquer degrau que o Estado suba no status sanitário é positivo para todo agronegócio. Mesmo que fossemos livres para exportar alho, cebola, ovelha, soja, quando você avança degraus, eleva a nota e o conceito da produção do Estado”, explica Zydek.

Desta forma, a expectativa de outros setores também é positiva, mesmo não se traduzindo em cifras, como é o caso do leite paranaense. “Seguimos muito otimistas e contribuindo para isso [obtenção deste status sanitário]. O controle de qualidade dos produtos segue forte, a partir do momento que tivermos essa certificação, teremos maior competitividade.

Talvez não no preço, mas se o cliente tem condição de escolher, ele vai preferir comprar leite de um local com melhor condição sanitária”, avalia Ricardo Cogo, médico veterinário e gerente de negócios agropecuários da cooperativa Frisia, com sede em Carambeí, nos Campos Gerais.

Na sua visão, toda proteína animal deverá se beneficiar deste novo status sanitário “direta ou indiretamente”. Desta forma, fica claro que a “preocupação” de Santa Catarina se refere mais à proteção dos seus mercados – onde eles, hoje, nadam sozinhos de braçada – do que qualquer questão técnica de sanidade. “Santa Catarina tem que se preocupar com suas próprias deficiências na área de defesa agropecuária, que são bem maiores que as do Paraná, conforme as auditorias realizadas pelo Mapa em 2018”, avalia o presidente do Fundepec, Ronei Volpi.

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Fonte: Agrolink

Agroenergia

10. Sucden vê produção de açúcar no CS do Brasil subindo a 27,1 mi t em 2019/20

A produção de açúcar no centro-sul do Brasil, principal polo canavieiro do mundo, deve avançar para 27,16 milhões de toneladas, enquanto a de etanol tende a recuar para 28,55 bilhões de litros na safra 2019/20, de acordo com previsões da comerciante Sucden enviadas nesta sexta-feira à Reuters.

O novo ciclo tem início em abril e deve registrar processamento de 564,55 milhões de toneladas de cana, segundo a Sucden.

Na última quarta-feira, durante evento em Ribeirão Preto (SP), um representante da Sucden havia divulgado apenas perspectivas para a moagem, com intervalo de 560 milhões a 570 milhões de toneladas.

Conforme a companhia, na temporada vigente as usinas do centro-sul devem fabricar 26,57 milhões de toneladas de açúcar e 30,1 bilhões de litros de etanol. O esmagamento de cana está estimado em 572,69 milhões de toneladas.

As indústrias da região focaram no etanol na safra 2018/19, diante de melhores retornos proporcionados pelo biocombustível em comparação ao açúcar. As cotações do adoçante chegaram a tocar mínimas em uma década ao longo do ano passado.

Outras consultorias também têm apostado em maior produção de açúcar em 2019/20, com o setor de olho em um potencial déficit de oferta global à frente, o que daria sustentação aos preços da commodity. A própria Sucden fala em produção aquém da demanda em 4 milhões de toneladas.

Nesta semana, Datagro e Agroconsult também previram alta na produção de açúcar no centro-sul em 2019/20.

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Fonte: Reuters/NovaCana

11. Sonegação de R$ 3 bi atinge setor de etanol em SP, diz Plural, que apela por reforma

O Estado de São Paulo, líder na produção e consumo de etanol no Brasil, concentra também a maior parcela dos 4,8 bilhões de reais sonegados ao ano no setor de distribuição de combustíveis do país, afirmaram nesta sexta-feira dirigentes da associação do segmento Plural, ressaltando a importância de uma reforma tributária.

De seis grandes distribuidoras de etanol, cinco respondem por boa parte da sonegação de impostos no Estado, segundo a associação, que não revelou os nomes das empresas.

“Dos 4,8 bilhões, 3,8 bilhões de reais é sonegação em etanol, e 80 por cento disso é no Estado de São Paulo”, disse o presidente da Plural, Leonardo Gadotti Filho, a jornalistas durante evento promovido pela associação.

A sonegação de impostos é um dos principais desafios para a atração de investimentos no setor de distribuição de combustíveis, que arrecada 150 bilhões de reais em impostos ao ano.

Há alguns participantes do segmento – não afiliados à Plural – que são conhecidos como devedores contumazes de impostos, que muitas vezes têm um capital social muito menor que o seu faturamento, não pagam tributos regularmente e contam com ações judiciais para postergar os pagamentos.

“O Estado atua (cobrando os tributos), mas a Justiça tem seu tempo”, acrescentou Gadotti, cuja associação tem uma campanha chamada Combustível Legal.

Ao final, o Poder Judiciário, em geral, dá ganho para o Estado nas ações tributárias do setor, mas isso demora anos e traz problemas de concorrência desleal.

Procurada para comentar o assunto, a Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo não pôde se manifestar imediatamente.

No etanol, a sonegação de impostos acaba sendo mais elevada porque o imposto, além de ser cobrado na produção, é pago também na distribuição. Na gasolina e diesel, por exemplo, tributos se concentram na refinaria ou no importador.

“Ou seja, qualquer sonegação tira um concorrente do jogo”, disse o diretor de planejamento estratégico e mercado da Plural, Helvio Rebeschini, citando ainda que o segmento também enfrenta concorrentes desleais que se locupletam com roubos de cargas, adulteração de combustíveis, fraudes nas bombas e refinarias clandestinas.

O mercado brasileiro foi inundado por metanol importado, usado em fraudes como se fosse etanol.

Estudo do Boston Consulting Group (BCG) divulgado durante o evento da Plural apontou, com base em dados da ANP, que o volume de combustível adulterado pode variar entre 5 por cento e 19 por cento.

Simplificação tributária

A sonegação de impostos, contudo, ressalta a importância de uma reforma tributária para o setor de distribuição de combustíveis, cujo preço final carrega para o consumidor final uma alta carga de tributos.

Segundo dados da reguladora ANP, os tributos federais e estaduais responderam por 43,6 por cento do preço gasolina, enquanto no caso do diesel S500 esse índice foi de 27,1 por cento.

Estudo do BCG divulgado durante o evento da Plural, que congrega associados como a Petrobras, Shell, Total, Raízen e BP, entre outras, afirmou que o elevado peso de tributos na cadeia de distribuição, associados à sua complexidade, gera meios de sonegação, levando à concorrência desleal.

Entre os problemas citados está a assimetria de tributo estadual ICMS, que pode variar fortemente entre Estados.

De acordo com Gadotti, a simplificação tributária uniformizaria o ICMS em todo o Brasil e criaria uma estabilidade no preço final, além de contribuir para o fim da guerra fiscal entre Estados, desestimulando a ocorrência de fraudes.

Uma menor concentração na produção de combustíveis fósseis, destacou o estudo, considerando que a Petrobras domina praticamente todo o parque de refino do país, também seria favorável.

“Ampliar a competição na oferta alinharia ainda mais os preços com os do mercado internacional, e o maior beneficiado seria o consumidor final”, disse Gadotti, ressaltando que a Plural vê como positivo o movimento da Petrobras para vender parte de suas refinarias, atraindo novos players.

Esse movimento é importante diante do forte aumento esperado para o consumo de combustíveis em um cenário de longo prazo na comparação com os níveis atuais.

Para atender essa demanda, setor de distribuição terá que fazer investimentos de 82 bilhões de reais até 2030, segundo o estudo do BCG, montante que inclui aportes na produção de biocombustíveis, ferrovias, infraestrutura e logística.

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Fonte: Reuters/NovaCana

12. Comissão Europeia adota critérios mais rígidos para biocombustíveis

Comissão Europeia passou a adotar critérios mais rígidos para combustíveis renováveis. As novas diretrizes foram divulgadas na quarta-feira pela entidade.

A medida estabelece que biocombustíveis que necessitem de extensa área de terras para produção serão caracterizados como de alto risco. Nesse caso, estão incluídos alguns tipos de biodiesel feitos à base de óleos vegetais. As novas regras limitam o volume desse tipo de biocombustível que pode ser contabilizado como energia renovável na meta de cada país membro do bloco.

A medida integra uma nova lei da UE que prevê aumentar a parcela de energia renovável para 32% até 2030. Na normativa, a Comissão estabelece limite de um ponto porcentual para a contribuição do uso de biocombustíveis, biodiesel e combustível de biomassa de alto risco no abastecimento dos transportes ferroviários e rodoviários na meta de energia renovável de cada país do bloco até 2020.

Além disso, a regulamentação exige que os limites nacionais para o uso desse tipo de biocombustível no período de 2021 a 2023 permaneçam no nível de 2019 e que a partir de 2024 diminua gradualmente até atingir zero em 2030. "Não há limitação para importação ou para uso desses combustíveis. Os Estados-membros continuarão a poder importar e utilizar combustíveis incluídos na categoria de biocombustíveis de alto risco", pondera a entidade no texto.

Segundo a comissão, a expansão da produção de biocombustíveis ocupa terras que antes eram destinadas ao cultivo de alimentos e cereais para rações, fazendo com que a produção de cereais passe a ocupar novas áreas vegetais, como florestas, zonas úmidas e turfeiras. No documento, a Comissão destacou que o desmatamento de florestas provoca a emissão de gases de efeito estufa, tais como os de combustíveis fósseis.

As novas regras não restringem o uso desses biocombustíveis pelos países da União Europeia (UE), mas pode levar a menor importação pelos países desse tipo de energia, já que terão limite para utilização como energia renovável. Entre os combustíveis renováveis classificados como de alto risco está o óleo de palma.

A Comissão afirma que, desde 2008, 45% da expansão da produção de óleo de palma levou à destruição de florestas, zonas úmidas ou turfeiras e à consequente libertação de gases com efeito de estufa, em comparação com 8% para soja e 1% para girassol e colza.

Há meses, a Comissão Europeia estuda a redução do uso de combustíveis que causam desmatamento. Países produtores como Malásia e Indonésia questionam a medida restritiva da UE, alegando que o método usado para definir sustentabilidade favorece óleos vegetais da Europa, como girassol e colza. O bloco é o maior importador mundial de óleo de palma.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

Grãos e Grandes Culturas

13. Ânimo renovado para o plantio de trigo no Sul

Após anos de estabilidade, Paraná e Rio Grande do Sul deverão ampliar a área de cultivo de trigo na próxima safra. Os produtores dos dois Estados são responsáveis por cerca de 90% da colheita do país e agora veem na diversificação de mercados da Argentina uma oportunidade para ampliar as vendas e a rentabilidade. A aposta é na alta dos preços domésticos, diferentemente do que acontece hoje no front internacional.

"A Argentina colheu uma safra recorde, de 19 milhões de toneladas, mas conseguiu diversificar as exportações. Assim, o Brasil não verá o mercado inundado pelo trigo argentino como vem acontecendo nos últimos anos", diz Daniel Kümmel, presidente do Sinditrigo-PR, que representa os moinhos paranaenses.

O país vizinho ainda vende entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas de trigo ao Brasil, mas esse volume, que já chegou a representar 90% das exportações argentinas do cereal, hoje equivale a cerca de 50% dos embarques, mesmo com a expectativa de o país bater recordes em 2018/19. Como a competição externa pelo trigo da Argentina está maior, a tendência é que os preços no vizinho permaneçam mais elevados, abrindo espaço para a produção nacional.

Dessa forma, estima a Safra & Mercado, a expectativa é que a área de cultivo no Paraná aumente 12% nesta safra 2019/20, que começará a ser semeada em junho, para 1,2 milhão de hectares. No Rio Grande do Sul, o crescimento poderá chegar a 14%, para 820 mil hectares. Somados os demais Estados produtores, a área plantada nacional deverá ocupar 2,3 milhões de hectares, avanço de 12%.

Se essa área se confirmar e o clima contribuir, projeta a Safras, a produção brasileira poderá chegar a 6,6 milhões de toneladas em 2019/20, um aumento de 27% em relação à temporada passada. "O fato é que o mercado do Sul do Brasil não funciona atrelado aos preços internacionais. Há uma liquidez interessante neste momento aqui, com 67 moinhos no oeste do Paraná precisando fazer sua programação em março e abril. Por isso os preços estão bons e incentivam o cultivo", diz Kümmel. A saca de 60 quilos de trigo de boa qualidade - PH 78 (a cada 100 quilos do grão para moagem são extraídos 78 quilos de farinha) - é negociada hoje por R$ 49 no oeste paranaense, ante um preço mínimo estabelecido pelo governo de R$ 36.

Outra questão que deverá permitir a expansão da área de semeadura no Sul é o adiantamento da colheita das lavouras de verão, que já está permitindo a semeadura de milho safrinha mais cedo e tornará viável a aceleração dos trabalhos com trigo.

"As áreas onde foram plantadas soja precoce em 2018/19 já foram colhidas e já estão com milho. Dessa forma, em alguns casos o milho safrinha poderá ser colhido em junho e julho, e será possível colocar o trigo em seguida. Os que optarem por semear só o trigo no pós-soja também terão uma janela muito boa para o plantio da próxima safra de soja", explica Carlos Hugo Godinho, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná.

O inconveniente é que os custos de produção do trigo são maiores que os do milho, e a cultura também é mais suscetível a fungos. Cálculos de novembro do Deral indicam que, no ciclo 2018/19, o custo de produção do trigo chegava a R$ 74,17 por saca, ante os R$ 42,69 do milho safrinha. "O milho também tem margem maior, com ganho de 27% sobre o custo variável, enquanto no trigo é de 11%", acrescenta Godinho.

Apesar disso, ele lembra que o Paraná tem potencial para plantar 5,4 milhões de hectares de trigo. E, se o dólar subir, elevando os custos de importação da Argentina, o incentivo aos produtores paranaenses para 2019/20 pode aumentar. "O dólar no patamar de R$ 4 segurou os preços do trigo nos últimos meses, mesmo com a chegada da grande safra da Argentina, e pode ser um incentivo para o cultivo na próxima temporada", diz o engenheiro do Deral.

Hamilton Jardim, presidente da Comissão do Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), é mais otimista. No Expodireto, evento realizado na semana passada em Não-Me-Toque (RS), as indústrias relataram grande procura por sementes de trigo. A oferta feita atualmente pela indústria para troca da colheita futura por insumos estava, em média, a R$ 41 por saca, acima do preço mínimo de R$ 36 usado como base para o segmento.

"É um preço incentivador e, se levarmos em conta que a safra de verão foi remuneradora, o produtor está capitalizado para o inverno", diz Jardim. Ele também sustenta que há grande incentivo da indústria gaúcha e do governo para reduzir as importações. O Brasil consome 12 milhões de toneladas por ano e as importações somam 7,5 milhões. "Gastamos R$ 7 bilhões para importar trigo. Só esse valor já justificaria o incentivo e o aumento da produção".

O fato de o país não ser autossuficiente é culpa do clima, de acordo com Jardim. Com o tempo instável na época da produção de trigo, o Sul do Brasil não consegue entregar safras tão constantes como a Argentina. "A produção tritícola aqui é muito variável. Em 2013 foi boa, depois foi ruim por três anos, melhorou em 2016, foi regular em 2017 e péssima no ano passado. Enquanto isso, a Argentina apresenta estabilidade de colheita e tradição na cultura", diz.

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Fonte: Valor Econômico

14. ADM compra empresa de citrus da Europa

A companhia americana de agronegócios Archer Daniels Midland Company (ADM) chegou a um acordo para adquirir o Ziegler Group, um dos principais fornecedores europeus de ingredientes naturais de sabor cítrico. O acordo vem logo depois da conclusão da compra pela ADM da Flórida Chemical, empresa da mesma área com sede nos Estados Unidos. Os valores envolvidos na negociação não foram revelados.

"A combinação da Ziegler e da Florida Chemical posicionará imediatamente a ADM para o crescimento como líder global em ingredientes cítricos naturais, com uma gama completa de soluções e sistemas cítricos inovadores para clientes de alimentos, bebidas e fragrâncias”, afirmou, em nota, Vince Macciocchi, presidente da divisão de nutrição da ADM.

Fundada em 1963, a Ziegler utiliza tecnologias patenteadas de concentração a frio para produzir óleos cítricos naturais de alta qualidade, extratos, concentrados e compostos para clientes da indústria de aromas, alimentos e bebidas, com foco na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. A empresa é de capital fechado e tem sede em Aufsess, no sul da Alemanha.

“Nossos familiares ficarão com a empresa para ajudar a garantir uma transição suave. Estamos entusiasmados por nos unirmos à ADM e acreditamos firmemente que a combinação de nossa tecnologia e recursos cítricos, juntamente com o portfólio de ingredientes e alcance global da ADM, acelerará as oportunidades de crescimento, criando benefícios para nossos clientes”, afirmou Günter Ziegler, sócio da Ziegler, em nota.

Macciocchi, da ADM, ressaltou que citrus é um dos sabores de alimentos e bebidas que mais cresce globalmente, o que justifica a criação de uma plataforma cítrica global como parte da estratégia de crescimento da ADM.

O acordo, que está sujeito a aprovação regulatória, deverá ser concluído no segundo trimestre de 2019.

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Fonte: Valor Econômico

15. Concorrência da Rússia derruba preço do cereal nas bolsas americanas

Uma guerra de preços no mercado internacional de trigo e a perspectiva de safra cheia em 2019/20, combinada aos estoques confortáveis, levou as cotações do trigo a caírem quase 10% este ano nas bolsas americanas. O cenário se configurou mesmo diante de quebras na safra 2018/19 em importantes regiões produtoras, como Rússia, Austrália e Europa, pondo fim à onda altista que fez o cereal subir 20% em 2018.

Os contratos futuros começaram a cair na segunda metade de fevereiro na bolsa de Chicago, provocando um efeito dominó pelo mapa múndi que derrubou os preços também na Europa e Rússia.

Conforme o Valor Data, os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente, os de maior liquidez) do cereal na bolsa de Chicago chegaram a atingir, no início da última semana, o menor patamar desde dezembro de 2017, mas depois esboçaram uma reação.

De acordo o analista Élcio Bento, da consultoria Safras & Mercado, a competição acirrada no mercado mundial vem pressionando as cotações. "Vende quem tem o melhor preço, e foi assim que a Rússia conquistou embarques para o Egito recentemente", afirmou.

Em entrevista ao Valor, o diretor da exportadora russa Sodru, Bart Swankhuzen, sustentou, por e-mail, que os preços do trigo da Rússia tiveram de cair para competir com o cereal dos EUA e da Europa. A Rússia é a maior exportadora global do cereal. De acordo com estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os russos devem exportar 37 milhões de toneladas na atual safra, ante 41,4 milhões de toneladas em 2017/18.

"Com os preços da União Europeia e Estados Unidos agressivamente ofertados, os contratos futuros recuaram e fomos afetados. Em janeiro, o ritmo das exportações russas foi 8% menor que na safra 2017/18 e, agora que os estoques estão diminuindo, as vendas externas devem cair, também porque as margens não estão atraentes", afirmou o executivo da Sodru.

Em recente relatório, o banco alemão Commerzbank destacou que o apetite russo pelo mercado global - sentido com o avanço do país sobre clientes da Europa na Ásia, América do Sul e África - levou a Comissão Europeia a reduzir as estimativas de exportação de trigo brando europeu em 2 milhões de toneladas em 2018/19, para 18 milhões de toneladas. Para a próxima safra, no entanto, os europeus prometem correr atrás do mercado tomado pela Rússia. A Comissão Europeia projeta um crescimento de 41,7% para as exportações do bloco europeu no próximo ciclo, para 25,5 milhões de toneladas, o que ajuda a pressionar as cotações do trigo nas bolsas dos EUA.

Em meio à competição com os russos, os EUA tiveram dificuldades de escoar a produção devido ao inverno rigoroso, que prejudicou o transporte ferroviário, afirmou Bill Tierney, economista-chefe da consultoria AgResource. Nesse cenário, as exportações dos EUA avançam em ritmo lento e os contratos de venda na temporada somam 22,6 milhões de toneladas, ainda abaixo do que prevê o USDA para a temporada 2018/19, que termina maio. O órgão estima 27,2 milhões de toneladas.

A despeito da competição acirrada e da perspectiva de uma oferta maior de trigo na safra 2019/20, há quem veja precipitação dos investidores na aposta de queda dos preços. Na opinião do analista Roberto Sandoli, da consultoria INTL FCStone, a desvalorização vista este ano tem sido exagerada para um período de entressafra. "Ainda que algumas projeções já indiquem safra cheia em 2019/20, faltam elementos neste momento para definir o risco climático da produção no Hemisfério Norte", afirmou ele.

Nos últimos dias da semana passada, aliás, a preocupação com o clima nas lavouras nos Estados Unidos passou influenciar as cotações do cereal na bolsa de Chicago. Desde a última quarta-feira, os contratos de segunda posição de entrega subiram 4,7%, para US$ 4,6825 por bushel.

O último relatório da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), que se refere à semana encerrada em 12 de maio, ainda não capta esse movimento. Naquele dia, a posição líquida dos gestores que investem em trigo duro estava vendida em 49,2 mil contratos, aumento de 9,8% ante a semana anterior. No caso do trigo brando, de menor qualidade, a posição vendida ficou praticamente estável.

Para Sandoli, os fundos que investem em commodities estão se precipitando porque a próxima safra (2019/20) ainda está em aberto. A colheita americana começa em junho e a neve pode atrapalhar. Por ora, as projeções apontam maior produção nos EUA, segundo principal exportador. Segundo o USDA, a produção deve aumentar 1%, somando 52 milhões de toneladas.

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Fonte: Valor Econômico

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