01 de Julho de 2019 (13:20)

Publicação: Baguete Diário - Notícias

SP e RJ brigam pela F1. Em Porto Alegre, um plano diferente

Carlos Martins é um homem com uma obsessão: fazer uma grande corrida de carros elétricos em Porto Alegre.

São Paulo e Rio de Janeiro, as duas cidades mais importantes no Brasil, travam no momento uma disputa em tons folclóricos pela honra de receber o “circo da Fórmula 1".

As regras da disputa são conhecidas: o governo que colocar mais dinheiro público na disputa levará o evento, fazendo ao contribuinte a promessa de retornos tangíveis em dinheiro deixado na cidade por turistas ricos, e intangíveis na forma de divulgação mundial.

Rio de Janeiro ou São Paulo devem, assim, se unir a outros lugares destacados no cenário mundial como Abu Dhabi, Kuala Lumpur e Baku, cidades cujos governantes colocaram a mão em bolsos profundos para abrigar corridas de F1 nos últimos anos.

Enquanto isso, em Porto Alegre, uma cidade sem condições de participar de uma disputa como essa, um empreendedor solitário está tentando emplacar uma corrida de 24 horas com carros elétricos no coração da capital gaúcha, uma versão de Le Mans para o século XXI.

“Não tem nada mais cafona do que brigar para receber a F1", brinca Carlos Martins, CEO do projeto Electric-24 (E-24). “Os donos da Fórmula 1, Fórmula Indy e até mesmo a Fórmula E se dedicam a usurpar altas verbas públicas por onde passam. Depois que o circo vai embora, muito pouco fica para a cidade. A chance real de uma corrida da F1 no Rio de Janeiro em 2021 é de 1% ou menos", agrega.

Martins, um economista que trabalha como consultor de negócios internacionais para governos estrangeiros e chegou a competir no automobilismo amador, tem uma ideia que acredita ser melhor no longo prazo: usar o interesse por automobilismo como uma forma de catalisar atenção em torno do tema carro elétrico e a mobilidade do amanhã.

A ideia é que a E-24 não seja somente uma corrida de carros elétricos que dura 24 horas, mas um teste para as tecnologias de mobilidade elétrica em curso em diferentes universidades e centros de pesquisa, um showroom para os modelos disponíveis e um ponto de networking para o ecossistema por trás do que o empreendedor acredita que será o carro do futuro.

“Já estou conversando com universidades como PUC-RS, Unisinos, Feevale e UFRGS, além de grandes empresas do segmento. A ideia é unir pesquisadores e iniciativa privada em um evento atrativo para o grande público", resume Martins.

Para formalizar os contatos, está sendo criado um instituto de ciência, tecnologia e inovação batizado de E-24 Mobility Lab. Conhecidas pela sigla ICT, esse tipo de organização sem fins lucrativos funciona como elo de ligação entre empresas e universidade para projetos de pesquisa e desenvolvimento.

O E-24 Mobility Lab será uma espécie de braço de inovação derivado corrida de 24h, mas atuará de maneira independente do evento, e também em outro tipo de projetos, voltados à nova mobilidade de uma forma geral, e não apenas carros elétricos.

De fato, já existe desde janeiro um grupo de trabalho reunido com apoio do Marcelo Lubaszewski, diretor do Zenit, parque Tecnológico da UFRGS. Está na prancheta um projeto-piloto para o desenvolvimento de uma versão elétrica do AJR, que é o protótipo de corrida mais rápido do hemisfério sul.

Pouca gente sabe, mas este supercarro foi desenvolvido e fabricado em Cachoeirinha, região metropolitana de Porto Alegre, pela Metalmoro/JLM. Este projeto-piloto está sendo coordenada por Paulo Eckert, professor da Escola de Engenharia da UFRGS, com consultoria técnica do Enzo Brocker, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do AJR V8, que compete na Endurance Brasil.

O objetivo desta iniciativa é dar origem a um programa maior, com derivadas tanto para o mercado do automobilismo quanto para a indústria de produção em massa. Martins mantém conversas com a Feevale, onde há projetos ligados à mobilidade elétrica, com perspectivas abertas para um trabalho conjunto com pesquisadores da UFRGS.

No Brasil, o conceito de competição de protótipos é consagrado no mundo universitário, através de projetos como a Fórmula SAE, que todo ano promove uma competição nacional para carros elétricos, movimentando centenas de estudantes do nível de graduação.

A E-24 pode ser considerada uma evolução do conceito, agora orientado para mestres e doutores em engenharia elétrica e mecânica.

O formato 24h se ajusta bem para provar duas questões chave para um eventual sucesso futuro do carro elétrico: aumento de autonomia, com mais tempo de sobrevivência da bateria e menor tempo de recarga dos automóveis.

Esses dois problemas podem ser resolvidos por uma miríade de combinações entre software e hardware, além de diferentes equipamentos relacionados aos carros, assim como a habilidade dos pilotos.

O trajeto ocuparia a região do Parque Maurício Sirotsky, na região central da capital gaúcha.

“Ao contrário da Fórmula 1, que é apenas um show, a E-24 é efetivamente um projeto de desenvolvimento econômico para geração de empregos e retenção de talentos, especialmente de engenheiros", projeta Martins. “Porto Alegre pode ter visibilidade internacional como a cidade que abriga a maior corrida de carros elétricos do mundo", agrega.

Existe um grande interesse popular por competições de automobilismo. Em novembro do ano passado, 40 mil pessoas abarrotaram as laterais da pista montada na orla do Guaíba para ver manobras de Rubens Barrichello em um carro de F1, em um evento patrocinado pela Heineken.

Martins sonha grande. Eu mesmo vou confessar que a primeira vez que ouvi o plano, há pouco mais de um ano, achei que ele estava louco. Por outro lado, o homem é insistente: ele me falou tanto de carros elétricos que agora o Baguete tem uma editoria sobre o assunto, comandada por Martins.

Porto Alegre parece estar mais disposta do que nunca a escutar ideias “fora da caixa", em uma busca por sair do que é percebido por muitos atores importantes da cidade como o fundo do poço.

PUC-RS, Unisinos e UFRGS, as três instituições de ensino mais importantes da capital, fecharam no ano passado uma aliança inédita com propósito de promover o ecossistema de inovação na cidade, ao qual prontamente se uniram 70 entidades de diferentes setores.

Martins está engajado na movimentação dentro do grupo de Nova Mobilidade do Poa Inquieta e o projeto tem o respaldo do comitê executivo do Pacto Alegre. Além disso, o projeto já conta com apoio institucional do Governo do Estado, através do programa MULT-RS, da Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria de Comunicação, além de outros parceiros que já compraram a ideia.

O mercado brasileiro já conta com seis carros elétricos disponíveis e é possível começar a falar de uma linha de elétricos no país. Algumas cidades já estão apostando no uso de ônibus elétricos.

Pelo lado do governo, o Rota 2030, programa que regulamenta a política de incentivos para a indústria automotiva, prevê benefícios fiscais para empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento de fontes alternativas aos combustíveis fósseis.

No entanto, ainda está longe de ser definido que região do país vai liderar no tema carro elétrico, que para muitos analistas é o futuro inevitável do automóvel. Martins vê potencial no Rio Grande do Sul.

O estado que já sedia uma montadora (a GM), tem um forte pólo de autopeças na Serra Gaúcha, um pólo petroquímico (importante para novos materiais para produção de carros) e por fim uma indústria de semicondutores (HT Micron e Ceitec) e eletroeletrônicos capaz de produzir os sensores necessários para um carro elétrico.

“O Rio Grande do Sul pode ocupar a vanguarda da pesquisa, desenvolvimento e inovação de novos e melhores componentes, como baterias, motores, softwares automotivos e sensores dos mais diversos tipos. Para isso, temos que aproveitar as potencialidades e o talento que já temos aqui", aponta Martins.

No entanto, Martins acredita que o potencial da cadeia automotiva gaúcha esteja sendo devidamente explorada por parte do governo

“Como agente da inovação em tempos de crise, não espero e tampouco dependo de verba pública para avançar meus projetos, mas se apenas houvesse uma sinalização de que a agenda do carro elétrico é estratégica para o estado, já ajudaria muito", finaliza Martins.

01 de Julho de 2019 (03:00)

Publicação: Jornal O Tempo - Economia

Governo pressiona por recall

RIO DE JANEIRO.- Os proprietários de veículos envolvidos em recall vão ser comunicados diretamente sobre os riscos a que seus carros estão submetidos e como fazer para consertá-los. O aviso de recall ficará inscrito no documento do carro (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo, o CRLV) até que a convocação seja atendida. Com essas medidas, o que se espera é aumentar o atendimento. Entre 2014 e 2018, dos 9,5 milhões de automóveis envolvidos nos recalls, apenas 4,6 milhões passaram pelo conserto.

Esses são os dois pontos principais da portaria interministerial que cria o Serviço Nacional de Notificação de Recall de Veículos, que será assinada hoje pelos ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura.

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em conjunto com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), trabalha nas melhorias tecnológicas para implementar o serviço. Segundo o Denatran, o sistema utilizará todas as formas de comunicação que o governo tem com o cidadão, como Portal de Serviços (Gov.br)e o próprio Denatran, a Carteira Digital de Trânsito (CDT) e o Sistema de Notificação Eletrônica (SNE), além da remessa postal.

Sem conhecer o texto final da portaria, mas tendo participado da discussão nos últimos meses, Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), acredita que as regras vão aumentar a efetividade das campanhas de recall. A expectativa é que as medidas façam com que os chamamentos atinjam algo próximo da totalidade dos veículos envolvidos nas convocações, o que sem dúvida aumentará o já elevado nível de segurança dos automóveis vendidos no país, diz.

Segundo Luciano Timm, titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), responsável pelo monitoramento dos recalls no país, fazer o consumidor atender às convocações é um desafio mundo afora, e não só quando se trata de automóveis. Se contabilizados todos os produtos que tiveram chamados por trazer risco à vida, à saúde e à segurança do consumidor, nos últimos cinco anos, pouco menos de um quarto passou pelo reparo. Por isso, também será editada hoje uma atualização da portaria com as regras gerais para realização de recall no país.

As regras, diz o secretário, passam a seguir os parâmetros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Elas preveem que as convocações, a exemplo do que já acontece em outros países, passem a usar indutores de comportamento que ampliem o atendimento ao recall.

Nos Estados Unidos, por exemplo, na convocação para a troca do airbag enviada ao consumidor há fotos reais de pessoas que se acidentaram devido ao problema relatado. Essa é uma estratégia que deixa mais claro os riscos e induz o consumidor a atender ao chamado para resolver o problema, diz Leonardo Marques Albuquerque, coordenador de consultoria técnica e sanções administrativas da Senacon.

Monitoramento

A portaria que será assinada hoje pelos ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura também abre a possibilidade de as convocações serem feitas em outras mídias que não as tradicionais, como redes sociais, mas estabelece o monitoramento do atendimento dos chamados, o que pode levar a uma exigência de mudança de estratégia. Pelas novas regras, a informação de recall deve ser feita em local destacado por ao menos cinco anos. Só após esse período, pode-se pedir que a Senacon avalie o encerramento do recall.

As edições das portarias serão acompanhadas por uma campanha educativa que entrará no ar nas redes sociais também hoje. O consumidor precisa entender que recall não é brincadeira. É preciso que fique claro o risco a que ele está se submetendo. Estamos fazendo também um trabalho para que seja claro: se há risco de morte, não se pode fazer uma convocação dizendo que pode haver lesão, diz Nicolas Eric de Souza, coordenador de consumo seguro e saúde da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

No pacote de medidas voltadas à segurança do consumidor está ainda um acordo de cooperação técnica entre a Senacon e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para Paulo Coscarelli, coordenador da diretoria de avaliação da conformidade do Inmetro, órgão que mantém o maior banco de acidentes de consumo do país, o próximo passo para aumentar a segurança dos consumidores deveria ser a constituição de um sistema de alerta de acidentes que incluísse os hospitais, a exemplo do que existe em Estados Unidos e Canadá.

Hoje nos baseamos nos dados que vêm de fora. Enquanto nosso banco de dados recebeu 309 relatos de consumidores em 2018, o do Canadá somou 1.770. Mas nossa realidade socioeconômica é diferente, e a melhor forma de mapear acidentes de consumo, além do relato do cidadão, é no atendimento médico, explica.

30 de Junho de 2019 (11:00)

Publicação: Abril - Revista Exame.COM

BMW aposta que o luxo também pode ser sustentável

A BMW, montadora de luxo dona das marcas BMW, Mini e Rolls-Royce, tem uma nova aposta forte. A companhia irá dobrar o número de modelos elétricos nos próximos dois anos.

A empresa vendeu quase 2,5 milhões de veículos e mais de 165 mil motos no ano passado, alcançando receitas de 97,5 bilhões de euros. Poucos, no entanto, são elétricos. Até o fim de 2019, a montadora deverá ter levado às ruas mais de meio milhão de carros elétricos ou híbridos no total.

A montadora espera ter 25 carros elétricos à venda na Europa até 2023, por conta da intensificação de leis contra emissões de combustíveis fósseis da União Europeia. Mais de metade desses modelos serão totalmente elétricos. As metas fazem parte do programa Future Highway 2025 (ou Rodovia do Futuro) e serão alcançadas dois anos antes.

No Brasil, os modelos elétricos da montadora são todos importados. A companhia anunciou, recentemente, a instalação de 40 novos pontos de recarga no Brasil até o fim de 2019.

A montadora apresentou sua nova geração de carros em Munique, na Alemanha, em um evento chamado #NEXTGen. Mais do que carros sustentáveis, a aposta da montadora é que sejam veículos de luxo e que atraiam o consumidor - a exemplo do que faz a americana Tesla, montadora do bilionário Elon Musk.

Para retratar sua aposta no mercado, a BMW lançou o Vision M Next, um carro elétrico conceito para ser “uma tecnologia inteligente que irá transformar os donos nos melhores motoristas". Além de carros, a companhia também lançará motos elétricas. A nova bike conceito é a BMW Motorrad Vision DC Roadster.

Os novos modelos oferecerão dois duas modalidades de direção. O modo tradicional é para quem prefere tomar a direção. Já com a direção automática, o motorista poderá relaxar, conversar e até assistir a um filme, diz a montadora.

Além dos engenheiros, o time de responsáveis pela criação dos veículos tem uma adição no mínimo curiosa - e que mostra o tamanho da dedicação da montadora com sua linha de carros elétricos.

O famoso compositor Hans Zimmer, responsável pela trilha sonora de filmes como Rei Leão e a trilogia de Batman: Cavaleiro das Trevas, foi contratado pela BMW para criar sons para os veículos.

Carros elétricos são muito mais silenciosos do que aqueles movidos a motores de combustão. O silêncio pode ser uma vantagem, mas também significa uma perda na experiência emocional de dirigir. Sob a marca “BMW IconicSounds Electric", uma oferta sonora visionária será criada para futuros veículos eletrificados da BMW, informou a companhia.

Tendência global

O aumento nos lançamentos mais sustentáveis é resultado tanto da procura dos consumidores quanto de leis mais rígidas contra a emissão de gases causadores do efeito estufa. Segundo as novas regras para automóveis na União Europeia, os veículos devem emitir até 95 gramas de dióxido de carbono por quilômetro. Em média, os carros da BMW emitem cerca de 128,9 gramas por quilômetro, segundo levantamento feito pela Jato Dynamics e divulgado pelo The Guardian.

Por isso, neste ano a empresa irá começar a produzir os modelos Mini e BMW iX3 totalmente elétricos em fábricas na China e no Reino Unido. A tendência também pode trazer resultados para a empresa. As vendas de carros elétricos da montadora devem aumentar 30% por ano até 2025, afirmou a montadora em evento.

“Estamos firmemente comprometidos com a direção livre de emissões", disse Harald Kruger, presidente do conselho da BMW, em um comunicado. “Nossa visão é clara: mobilidade sustentável, produzida de maneira sustentável. Nós estabelecemos a meta de apenas comprar eletricidade de fontes de energia renováveis para todas as nossas localidades em todo o mundo a partir de 2020 ", acrescentou.

A BMW não é a única montadora preocupada em conquistar o mercado elétrico. A indústria automobilística da Alemanha investirá quase 60 bilhões de euros (68 bilhões de dólares) nos próximos três anos em carros elétricos e direção automatizada, disse o chefe da associação da indústria automobilística. A gama de modelos de carros elétricos de fabricantes alemãs triplicará para cerca de 100 nesse período.

30 de Junho de 2019

Publicação: Jornal Correio Braziliense

Brasil e UE terão benefícios no futuro

O maior acordo comercial assinado pelo Mercosul repercutiu bem na política e no setor produtivo. A guinada para aumentar o volume de scomércio — exportações e importações — com a União Europeia deve trazer efeitos positivos para as duas regiões econômicas e gera animação entre investidores. De acordo com analistas, o processo de implementação será demorado e o impacto ainda deve demorar a ocorrer, mas ficou acertado que, no longo prazo, haverá redução de mais de 90% nas tarifas impostas aos produtos de ambos os lados.

Para os consumidores, a tendência é de que produtos importados fiquem mais baratos, como, por exemplo, vinhos, queijos e chocolate. Para analistas, o acordo permitirá a entrada de novas mercadorias e serviços, o que incentiva as empresas brasileiras a aumentarem a produtividade e a competitividade, além de forçar o governo federal e o Congresso Nacional a adotarem medidas de desburocratização e a fazerem a reforma tributária.

Juntos, Mercosul e a União Europeia representam cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB mundial) e um mercado de 780 milhões de pessoas. O Ministério da Economia estima que o acordo vai incrementar em US$ 87,5 bilhões o PIB do Brasil em 15 anos. O aumento de investimentos no país, no mesmo período, será da ordem de US$ 113 bilhões.

Antes crítico da União Europeia, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o bloco econômico “está mudando". Em 2017, ele chegou a publicar um artigo que dizia que o grupo representava “apenas um conceito burocrático e um espaço culturalmente vazio regido por valores abstratos". “Em relação à experiência que já tive no passado, hoje vejo como um sistema que está se abrindo, com atitude de compreender mais os outros. Antigamente, a UE negociava como contrato de adesão (impondo aos parceiros as condições). Isso é uma atitude que mudou muito", disse.

O ministro ressaltou também que o acordo comprova que o governo federal está indo em direção à abertura econômica. “Acho que confirma essa disposição do Brasil de ser um ator mais relevante no comércio internacional, com economia mais aberta e, ao mesmo tempo, confirma nossa posição de referência na América do Sul, de um governo que está se colocando a favor da economia de mercado e da democracia", destacou.

Mas, para entrar em vigor, o acerto entre os blocos econômicos ainda precisa passar pelo aval de todos os parlamentos dos países envolvidos, que somam 32 ao todo — contando com o Reino Unido, que está em processo de desligamento da União Europeia. Além disso, o acordo ainda passará pelos conselhos de cada clube econômico.

Por isso, o trâmite e os efeitos para os consumidores deverão ser demorados. Vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Luiz Phillippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) diz que, embora seja positivo, o acordo não trará resultados imediatos ao país. “O negociado ali não foi redução de alíquota ou redução de impostos gerais, foi só uma simplificação de coleta. Precisamos alinhar a expectativa do consumidor, especialmente porque ainda dependemos da reforma tributária para que o acordo passe a ficar vigente de fato", explica.

Para o parlamentar, faltou fôlego do governo brasileiro ao não insistir em questões mais abrangentes. Bragança salienta que a redução tarifária de importação está longe de conseguir reduzir os preços, como ocorre nos Estados Unidos ou na Europa, onde os produtos custam pouco para o nativo. “Ainda temos uma carga tributária local bem alta", acrescenta. “Quando você importa qualquer produto, continua pagando ICMS, ISS, PIS/Cofins. Quando fala de importação a custo zero… Bom, isso não pode ser dito ainda".

Tarifas

Dias antes da assinatura do tratado, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que não firmaria nenhuma parceria comercial com o Brasil se o presidente Jair Bolsonaro se retirasse do acordo climático de Paris — como ele havia declarado —, ameaçando colocar uma trava nas negociações comerciais UE-Mercosul. “A Europa, em relação ao Brasil, privilegia a questão ambiental como central nas suas negociações. Então, firmar um acordo entre Mercosul e a União Europeia vai vir com todas as questões ambientais que se possa pensar", explica o professor de ciência política Felippo Madeira, da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Animado com o acerto, o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, destaca que, apesar da demora, os benefícios para a economia do Brasil são inegáveis. “Uma vez aprovado o acordo, a redução de tarifas será de forma quase que imediata na União Europeia e, no caso do Mercosul, vai ser gradual, num horizonte de 15 anos", ressalta. “O Ministério da Economia diz que 24% do que nós exportamos para a União Europeia tem algum tipo de redução tarifária. Várias serão zeradas. Também teremos redução de barreiras sanitárias. É um acordo amplo, até maior que um trato comercial comum que certamente terá o grande benefício de aumento de produtividade", diz.

Especialistas acreditam que, para as exportações, haverá impactos sobretudo para o setor agroindustrial, a principal seara do comércio internacional do Brasil. No caso das importações, para suportar a entrada de produtos no país, a competitividade das empresas brasileiras terá que melhorar nos próximos anos. As companhias do grupo europeu são mais produtivas, de acordo com os analistas, e devem ocupar espaço do mercado nacional. Por isso, o acordo prevê que a redução das tarifas no Mercosul será gradual.

Com a alta carga tributária e a complexidade das regras regulatórias, os agentes do setor produtivo brasileiro cobram que o país siga uma agenda de estímulos ao ambiente de negócios. “O Brasil tem 1% do comércio internacional e a tendência é aumentar significativamente nos próximos anos", afirma Bentes. “Com certeza teremos a redução do custo Brasil", completa. Ainda segundo ele, a relação com a União Europeia vai facilitar a entrada de bens de consumo duráveis, automóveis e alimentos.

Espaço

Especialista em comércio exterior, Welber Barral, sócio-fundador da BMJ, ressalta que o Brasil receberá máquinas, vinhos e produtos têxteis mais baratos. Na indústria, as tarifas do Mercosul vão ser eliminadas progressivamente para veículos (35%), autopeças (14% a 18%), equipamentos industriais (14% a 20%), produtos químicos (até 18%), roupas (até 35%) e produtos farmacêuticos (até 14%). Nos produtos alimentícios, as taxas do Mercosul sobre vinhos (27%), chocolate (20%), licores (de 20% a 35%), peixes enlatados (55%), bebidas gaseificadas (20% a 35%) e azeitonas serão eliminadas.

“Evidentemente, não será positivo para todo mundo, como setores que não são competitivos e terão que se adaptar. Empresas do setor automotivo e de maquinários, por exemplo, terão que se especializar para não perder espaço", avalia Barral. “O acordo é positivo, mas não vai eliminar as deficiências que o país tem. O Brasil tem que fazer a reforma tributária e aumentar a produtividade", acrescenta.

O embaixador José Alfredo Graça Lima, vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), entende que é um acordo importante pela cobertura. “Em termos institucionais, é um ganho imensurável. O acordo passará por uma tramitação longa e árdua, mas é uma boa notícia para investidores e agentes econômicos em geral. Tudo isso somado, o balanço é altamente positivo", afirma. Graça Lima foi embaixador na representação do Brasil na Comissão Europeia e o principal negociador comercial do Brasil entre 1998 e 2002, e acompanhou o início das tratativas entre Mercosul e União Europeia.

28 de Junho de 2019 (20:02)

Publicação: EFE - International News

Conheça as principais vantagens obtidas pela UE no acordo com o Mercosul

Bruxelas, 28 jun (EFE).- A União Europeia (UE) e o Mercosul, do qual o Brasil faz parte, concluíram nesta sexta-feira o maior acordo de associação entre regiões do mundo, que envolve cerca de 800 milhões de consumidores. Estas são as principais vantagens alcançadas pelo bloco europeu com o pacto:.

O QUE SIGNIFICA PARA O COMÉRCIO BIRREGIONAL?

O acordo eliminará a maior parte das tarifas das exportações europeias ao mercado sul-americano e tornará as empresas de países da UE mais competitivas, com uma economia de 4 bilhões de euros em direitos de alfândegas ao ano.

O MAIOR ACORDO COMERCIAL DE REGIÃO A REGIÃO.

A UE é o principal parceiro comercial do Mercosul, com exportações de bens ao bloco sul-americano de 45 bilhões de euros em 2008 e de 23 bilhões de serviços em 2017.

Também é a maior investidora estrangeira nesse mercado, com 381 bilhões de euros, enquanto os investimentos do Mercosul na UE chegam a 52 bilhões de euros, segundo números de 2017.

REAFIRMAÇÃO DO SISTEMA MULTILATERAL DE COMÉRCIO.

Em tempos de protecionismo promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do futuro incerto do funcionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) pelo bloqueio americano a seu órgão de apelações, o acordo UE-Mercosul envia um claro sinal de apoio ao sistema multilateral.

ESTÍMULO AOS SETORES INDUSTRIAIS.

O acordo estimulará a exportação de produtos industriais europeus ao eliminar as tarifas de 35% para veículos, de 14% A 18% para autopeças, de 14% a 20% para máquinas, de até 18% para químicos, até 14% para farmacêuticos, 35% para têxteis e calçados e 26% para os tecidos de malha.

ABERTURA PARA OS PRODUTOS AGROALIMENTARES.

O setor agroalimentar da UE se beneficiará da redução das tarifas elevadas do Mercosul sobre chocolates e confeitos (20%), vinhos (27%), licores (20% a 35%) e refrigerantes (20% a 35%).

O acordo também proporcionará acesso sem tarifas e sujeito a cotas a produtos lácteos da UE (atualmente com uma tarifa de 28%), especialmente os queijos.

Os países do Mercosul também aplicarão garantias legais para proteger 357 produtos alimentícios europeus de excelência, como, por exemplo, o presunto de Jabugo espanhol.

COMPRAS PÚBLICAS.

O acordo abrirá novas oportunidades no Mercosul para as empresas europeias que participam de licitações públicas dos governos ou que fornecem serviços informáticos, de telecomunicações e transportes, entre outros.

FACILITAÇÃO DOS CONTROLES FRONTEIRIÇOS.

O acordo eliminará burocracia nas alfândegas e limitará as taxas de exportação por parte dos países do Mercosul.

As pequenas empresas de ambos blocos se beneficiarão especialmente ao utilizarem uma plataforma online que lhes proporcionará um acesso simples a qualquer informação que precisarem.

DEFESA DO ACORDO DE PARIS E ALTOS PADRÕES TRABALHISTAS.

Um acordo de última geração como o conseguido pela UE e o Mercosul inclui provisões para que as partes cumpram altos padrões em matéria ambiental e trabalhista.

As partes se comprometem a implementar eficazmente o acordo de Paris contra a mudança climática, e um capítulo no acordo sobre comércio e desenvolvimento sustentável cobrirá a conservação de florestas, o respeito aos direitos trabalhistas e a promoção de uma conduta empresarial responsável.

PROTEÇÃO DOS PADRÕES ALIMENTARES.

Os padrões de segurança alimentar europeus ficarão protegidos no acordo, sem mudanças, e todas as importações terão que cumpri-los.

As provisões estipuladas sobre segurança alimentar e medidas sanitárias e fitossanitárias reforçarão a cooperação com as autoridades dos países-membros.

MAIS QUE UM ACORDO COMERCIAL.

O acordo de associação entre UE e Mercosul vai além do livre-comércio, já que se baseia também em um pilar de diálogo político e outro de cooperação.

Estes dois pilares, que já haviam sido estipulados em Montevidéu em junho de 2018, reforçarão a cooperação em migração, economia digital, pesquisa e educação, direitos humanos, incluídos os dos povos indígenas, responsabilidade corporativa e social, proteção do meio ambiente, gestão dos oceanos e luta contra o terrorismo, a lavagem de dinheiro e o crime eletrônico.

O acordo também reforçará a colaboração dos blocos em nível multilateral e em assuntos globais. EFE

07 de julho de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Volvo começa a oferecer XC90 com blindagem pesada

Modelo preparado na Alemanha resiste até a explosões; empresa também desenvolve proteção balística leve no Brasil

REDAÇÃO AB

Após a insistência de consumidores e uma grande quantidade de pedidos, a Volvo começou a produzir carros blindados com o aval da própria fábrica. O primeiro modelo escolhido foi o utilitário esportivo XC90 T6, que recebe blindagem pesada, capaz de oferecer proteção contra disparos e também explosões.

A chapa de aço que reveste o interior do carro tem um centímetro de espessura e todas as modificações realizadas acrescentaram cerca de 1,4 mil quilos, elevando o peso do total do XC90 (com cinco ocupantes) para 4.490 kg. O aumento do peso levou a modificações na estrutura da carroceria e ao uso de novos freios. O Volvo XC90 blindado está disponível para encomenda e as primeiras entregas serão feitas no fim de 2019.

O carro utilizado na blindagem é produzido em Torslanda, Suécia, de onde segue para a Trasco Bremen, blindadora alemã. "A produção adota procedimentos rigorosos a fim de atingir os requisitos necessários", afirma o diretor de marketing da Volvo para veículos especiais, Stephan Green.

A Volvo Cars também está desenvolvendo no Brasil blindados leves. Os carros serão submetidos a uma bateria de testes balísticos para garantir que a classificação de proteção exigida seja atendida. Eles fornecerão principalmente proteção contra armas de fogo de curto alcance, sem alterar as propriedades fundamentais dos carros.

A partir do Brasil a Volvo prevê exportar tanto o XC90 T6 como o XC60 T6 blindados para qualquer país. No mercado nacional, a fabricante sueca vai oferecer blindagem leve para XC90, XC60 e XC40.

01 de julho de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Volkswagen terá novo presidente e CEO na Argentina

Thomas Owsianski assumirá o cargo em 1º de setembro e se reportará a Pablo Di Si

REDAÇÃO AB

A Volkswagen terá um novo presidente e CEO na Argentina: Thomas Owsianski, atual presidente da Audi na China, assumirá o novo cargo em 1º de setembro, sucedendo a Thomas Zahn, designado pelo grupo para voltar à matriz, na Alemanha, para exercer a função de diretor de vendas internacionais da Volkswagen para os mercados do Leste Europeu, Rússia, África, Oriente Médio, Índia e Ásia-Pacífico.

Em sua nova atribuição, Owsianski se reportará ao presidente e CEO da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si. Segundo a empresa, haverá um período de transição entre Thomas Zahn e Thomas Owsianski.

Graduado em Economia, Owsianski iniciou sua carreira em 1992 como trainee em vendas e marketing na Ford, em Colônia. Depois de diversas funções executivas em vendas na Ford e General Motors na Alemanha e no exterior, em 2012 foi para a Skoda, uma das marcas do Grupo VW, como responsável por marketing. Em 2014, se tornou diretor executivo da Skoda, responsável por vendas e marketing em Xangai, na China; e em 2016, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen Região América do Sul. A partir de 2017, também atuou como primeiro vice-presidente executivo da Volkswagen Região América do Sul e mais recentemente, em 2018, se mudou para Pequim como presidente da Audi China.

01 de julho de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Paccar Financial fecha primeiro contrato com a Begnini

Transportadora paranaense adquiriu caminhão DAF CF85 4x2, com 410 cavalos

REDAÇÃO AB

A Paccar Financial, instituição financeira da montadora de caminhões DAF instalada em Ponta Grossa (PR), fechou seu primeiro contrato recentemente com a transportadora Begnini. A negociação envolveu a compra de um modelo CF85 4x2, com 410 cv, adquirido pela modalidade CDC (Crédito Direto ao Consumidor).

O contrato incluiu o financiamento de 80% do valor do caminhão, com 20% de entrada. Além do CDC para clientes finais, a Paccar Financial oferece linhas de financiamento de estoque para os revendedores dos caminhões DAF. A modalidade Finame estará disponível dentro do segundo semestre deste ano. As opções de leasing para cliente final e capital de giro para concessionárias chegam a partir de 2020.

As operações da Paccar Financial começaram no Brasil em 2017 a partir de um investimento inicial de R$ 100 milhões. A divisão financeira emprega mais de 30 funcionários. Globalmente, a Paccar Financial atua desde 1960 e está em 24 países.

28 de junho de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Acordo UE-Mercosul tem efeito ainda desconhecido sobre setor automotivo

Mecanismos de cotas e redução gradual de tarifas só serão divulgados mais adiante

REDAÇÃO AB

Ainda é desconhecida em que extensão o setor automotivo brasileiro será afetado pelo acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul, anunciado na sexta-feira, 28, após 20 anos de negociações. Isso porque ainda são desconhecidos os mecanismos de cotas e reduções graduais de tarifas, que só serão divulgados nos próximos meses, após um longo caminho de formalizações jurídicas, revisões do texto pelas partes envolvidas, assinatura formal dos países e aprovação dos respectivos parlamentos. Por esse motivo, a Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos no Brasil, prefere não se pronunciar sobre o acordo até que todas as suas regras e implicações sejam entendidas.

Segundo as primeiras notícias divulgadas, o entendimento entre os dois blocos comerciais prevê que mais de 90% do comércio internacional entre os quatro membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e 28 países da UE terá as tarifas de importação zeradas no prazo de até 10 anos, incluindo 100% dos produtos industriais – o que, em tese, deve beneficiar veículos e autopeças.

O que não se sabe é qual será a velocidade dessa degravação de alíquotas aduaneiras. Integrantes da Anfavea sempre afirmam que são a favor da maior abertura comercial do País, mas defendem a redução gradual das tarifas ao longo de dez anos, para dar tempo à indústria nacional de alcançar os mesmos níveis de produtividade e competitividade de preços dos fabricantes europeus.

Atualmente, o Brasil aplica a veículos importados de fora do Mercosul e México tarifa de 35%, o maior imposto de importação permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Para autopeças a tarifação varia entre 14%, 16% e 18%, dependendo do produto, mas pode ser de 2% para componentes sem produção nacional, ou de zero se este recurso for investido na nacionalização.

A corrente de comércio do setor automotivo é amplamente favorável aos europeus. Segundo acompanhamento do Sindipeças, em 2018 a Europa foi o quarto maior comprador de autopeças brasileiras, as exportações para lá somaram cerca de US$ 1,7 bilhão, ou 21,3% do total exportado pelos fabricantes instalados no Brasil. Na mão contrária, no mesmo período foram importados US$ 4,2 bilhões em componentes automotivos de países europeus, que responderam por 31% das importações do setor.

Inexistem atualmente exportações de automóveis brasileiros para a Europa, que em contrapartida enviaram ao Brasil em 2018 perto de US$ 700 milhões em veículos de passageiros de alto valor agregado. Com o livre comércio, as indicações atuais levam a crer que essa balança deve continuar pendendo mais favoravelmente para o lado dos europeus.

ANEXO AUTOMOTIVO

Segundo documento divulgado pelo governo brasileiro, entre as negociações de barreiras técnicas ao comércio bilateral foi criado um “anexo automotivo”, que desde já determina a aceitação mútua de resultados de testes emitidos para avaliação da conformidade, diminuindo custos relacionados à dupla testagem. Com isso, em tese, um veículo homologado por autoridades europeias em testes de emissões e equipamentos de segurança para rodar na União Europeia seria aceito no Mercosul sem a necessidade de nova homologação – e o mesmo valeria na mão inversa.

28 de junho de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Adesão ao Rota 2030 é menor do que a esperada

Programa pode ser interessante para 600 empresas, mas só tem 33 habilitadas, aponta a Pieraccciani Consultoria

GIOVANNA RIATO, AB

Sancionado ainda no fim de 2018, o Rota 2030 não registrou até agora o efeito esperado na cadeia automotiva. Até junho, 33 empresas se habilitaram para cumprir as exigências e receber os incentivos para investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O número é baixo quando comparado ao universo estimado em 600 organizações em que o programa se encaixaria, aponta Francisco Tripodi Neto, sócio-diretor da Pieracciani Consultoria. O especialista vai participar de entrevista ao vivo sobre o tema no AB Webinar, no dia 3 de julho.

Segundo ele, o principal motivo para a baixa adesão é a dificuldade das organizações em identificar se os incentivos oferecidos pelo Rota 2030 compensam os investimentos necessários para cumprir obrigações impostas pelo programa. “Há uma série de dúvidas sobre como ter certeza de que será possível atingir às metas da política industrial, evitando multas e garantindo os benefícios”, conta. E complementa:

“A dificuldade para avaliar corretamente se vale a pena entrar no Rota 2030 não é exclusiva das pequenas empresas. Há muitas grandes companhias automotivas com dificuldade de se encaixar no programa”, diz.

FALTA ESTRATÉGIA DE SAÍDA

O Rota 2030 é estruturado em três ciclos de cinco anos de duração. Ao se habilitar, montadoras e fornecedores se comprometem com uma fase completa com investimentos mínimos em pesquisa e desenvolvimento. Assim, se entrar em 2018 ou 2019, a empresa só têm a chance de repensar a habilitação em 2023, quando o primeiro ciclo se encerra.

Além da natural dificuldade de entender se o complexo programa é ou não benéfico para as organizações, a ausência de uma cláusula de saída ou desabilitação do Rota 2030 também pesa para as empresas, segundo Tripodi. Sem detalhar nomes, ele aponta que já há um caso de companhia que entrou no programa sem um cálculo preciso das obrigações, se arrependeu e agora enfrenta dificuldade para sair.

“Em um contexto volátil como o brasileiro, as organizações pensam duas vezes antes de assumir um compromisso de cinco anos que exigirá investimentos”, afirma.

DESCOMPASSO NO CICLO DE INVESTIMENTO

Na lista das organizações habilitadas até agora, entre fabricantes de veículos e de componentes, chama a atenção a ausência de algumas montadoras, como as japonesas. Tripodi avalia que, em muitos casos, os investimentos obrigatórios em pesquisa e desenvolvimento exigidos pelo Rota 2030 estão em descompasso com os ciclos programados pelas empresas. “Algumas fabricantes têm um grande aporte previsto para os próximos dois anos, mas depois vão diminuir drasticamente até uma possível próxima fase”, diz. Tripodi lembra que isso é algo que não está previsto no Rota 2030, que impõe aportes anuais mínimos em porcentual sobre o faturamento. Segundo o consultor, a curva de aprendizagem do setor automotivo sobre o Rota 2030 ainda é longa e, portanto, será preciso algum tempo para medir o eventual sucesso ou fracasso do programa.

28 de junho de 2019

Publicação: Automotivebusiness

VWCO vende os primeiros Volksbus para Aruba

Chassis 17.280 OT receberam transmissão automática ZF e carrocerias fabricadas pela Mascarello

REDAÇÃO AB

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) vendeu para Aruba um lote de 15 unidades do Volksbus 17.280 OT. Esta é a primeira venda da montadora para Aruba, país caribenho cuja base da economia é o turismo, com 2 milhões de visitantes por ano.

Os 15 ônibus receberam transmissão automática fornecida pela ZF e foram encarroçados pela Mascarello. A abertura do novo mercado é parte do plano de internacionalização da VWCO, que pretende crescer nos países onde já atua e também buscar outros mercados.

O Volksbus 17.280 OT é indicado para carrocerias até 13,2 metros. Recebe motorização MAN D08 com sistema EGR (para recirculação de gases de escape), que dispensa utilização de Arla 32, aditivo à base e ureia.

“É gratificante entrar em um novo mercado que apostou em nosso conceito sob medida tanto no que diz respeito à concepção do produto quanto de serviço e atendimento”, afirma o vice-presidente de vendas, marketing e pós-venda, Ricardo Alouche. Dos 150 mil chassis Volksbus fabricados, 30 mil estão rodando em outros países.

01 de julho de 2019

Publicação: Valor Economico

UE publica documento sobre princípios do acordo com o Mercosul

Por Assis Moreira | Valor

Bloomberg

OSAKA, JAPÃO - A União Europeia (UE) publicou nesta segunda-feira um documento sobre princípios do acordo com o Mercosul, no qual lista cotas nos dois blocos, períodos de liberalização em geral dos produtos agrícolas, industriais, serviços e outras condições no comércio.

Segundo Bruxelas, o Mercosul vai eliminar gradualmente as tarifas de importação em 93% das linhas tarifárias para exportações agrícolas da UE. Já a UE vai liberalizar 82% das importações agrícolas, com o restante submetido a cotas (volume quantitativo) envolvendo produtos mais sensíveis.

As cotas para produtos do Mercosul, e em boa parte já antecipadas pelo Valor nesta segunda-feira, são:

• Carne bovina: cota de 99 mil toneladas com carcaça, subdivida em 55% carne fresca e 45% carne congelada com tarifa intracota de 7,5% e eliminação no caso da carne da Cota Hilton ao longo de seis anos.

• Frango: 180 mil toneladas com carcaça, livre de tarifas, subdivido em 50% com osso e 50% sem osso

• Carne suína: 25 mil toneladas com tarifa de 83 euros por tonelada,

• Açúcar: eliminação de tarifa para uma cota de 180 mil toneladas específica que já existe para o Brasil por um acordo na OMC, para o açúcar refinado. Açúcares especiais estão excluídos.

• Etanol: 450 mil toneladas para uso químico livre de tarifa. E mais 200 mil toneladas para todos os usos (incluindo combustível) com 1/3 da tarifa hoje existente.

• Arroz: 60 mil toneladas, livre de tarifa.

• Mel: 45 mil toneladas livre de tarifa.

• Milho doce: Mil toneladas sem tarifa, desde que o acordo entre em vigor.

Cotas recíprocas vão ser abertas para o Mercosul e para a UE progressivamente em 10 anos:

• Queijo: 30 mil toneladas livre de tarifa.

• Leite em pó: 10 mil toneladas livre de tarifa.

• Leite (infant fórmula): 5 mil toneladas livre de tarifa.

A UE diz que uma série de produtos de interesse exportador europeu será liberalizada pelo Mercosul: vinho (com preço mínimo sobre espumante nos primeiros 12 anos e exclusão recíproca de vinho a granel), aguardente, óleo de oliva, frutas frescas (maçã, pêra, nectarinas, ameixas e kiwis), pêssegos enlatados, tomates enlatados, malte, batatas congeladas, carne de porco, chocolates, biscoitos, refrigerantes.

Produtos agrícolas

O Mercosul vai liberalizar totalmente 91% de suas importações procedentes da UE num período de transição de até 10 anos para a maioria dos produtos. Para produtos sensíveis, o Mercosul terá 15 anos para chegar à eliminação das tarifas.

De seu lado, a UE vai eliminar as tarifas de 92% de suas importações vindas do Mercosul em até 10 anos.

Produtos industriais

A UE vai eliminar as tarifas de importação de 100% dos produtos industriais num período de até 10 anos. O Mercosul vai remover totalmente as alíquotas em setores como veículos, autopeças, maquinários, químicos e fármacos. Para cada um desses setores, a liberalização vai ocorrer em mais de 90% das exportações europeias, em cortes lineares. A exceção será para automóveis, que terão a tarifa eliminada ao longo de 15 anos, com sete anos de carência. Nesse período, haverá cota para 50 mil veículos com metade da tarifa.

Terminado o período de carência, as tarifas vão ser reduzidas em ritmo acelerado para chegar a zero no ano 15. As tarifas na importação de autopeças serão liberalizadas em sua maioria em 10 anos (82% cobrindo 60% das exportações da UE para o Mercosul, com outros 30% de exportação adicional liberalizados em 15 anos).

Para maquinários europeus, 93% das exportações se beneficiarão de total liberalização em 10 anos (67% das exportações para o Mercosul).

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