CARLOS GERALDO LANGONI

CENÁRIOS 2019

É ano crítico para testar a capacidade de implementação do choque liberal desenhado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes.

Crescimento em alta moderada:

O PIB deve avançar entre 2,5% e 3%, beneficiado pela melhora generalizada nos índices de confiança observada no último trimestre, por margens de capacidade ociosa e pelo o bom desempenho das exportações.

Inflação baixa:

As expectativas de inflação estão ancoradas na faixa de 4%, aumentando o grau de liberdade para o Banco Central manter os juros básicos na faixa de 6,5% e, portanto, dar continuidade aos estímulos monetários.

Não se pode descartar novo ciclo de alta no 2º semestre, caso as reformas sejam adiadas e as tensões externas aumentem.

Economia mundial deve desacelerar:

O ritmo das economias-chave - Estados Unidos e China - deve ser mais lento em função da normalização monetária do Fed e do BCE, além das incertezas associadas à guerra comercial.

Ajuste externo bem-sucedido:

O viés de baixa das commodities deve reduzir moderadamente o saldo na balança comercial. Ainda assim, o déficit em conta-corrente – um pouco acima de 1,8% do PIB - deve continuar sendo financiado, confortavelmente, pelo fluxo de capitais externos de longo prazo.

Câmbio volátil:

O dólar começa o ano no patamar de R$ 3,80 em função das incertezas externas e, principalmente, internas. Se houver sinais concretos da viabilidade de um ajuste fiscal consistente, é possível antecipar viés de apreciação para novo patamar de R$ 3,50.

Ajuste interno:

O déficit primário projetado é ainda preocupante (1,50% do PIB). A meta da nova equipe é zerar já em 2019 com medidas pontuais como cessão onerosa, repasses do BNDES e concessões.

De qualquer forma, o grande desafio é aprovar a reforma da Previdência.

Haveria impacto positivo sobre a percepção de risco-país, o que reduziria os spreads do CDS para a faixa de 200 pontos-base e alavancaria ativos de risco (IBOVESPA acima de 100 mil pontos).

Investimento em alta:

O novo estágio de crescimento será liderado pelo investimento, que deve avançar para cerca de 18% do PIB. É consequência dos estímulos associados ao programa de privatizações e concessões a partir da modernização dos marcos regulatórios. O IDE (investimento direto estrangeiro) deve saltar para US$ 90 bilhões.

Recuperação do mercado de trabalho:

A taxa de desemprego deve manter tendência de queda gradual, saindo do incômodo patamar de 2 dígitos (11,7%). O alto grau da informalidade e a estagnação dos rendimentos reais com aumento da desigualdade são preocupantes.

O fortalecimento do mercado de trabalho poderá ser acelerado, caso haja nova flexibilização das leis trabalhistas e a atividade avance em ritmo mais forte.

Em resumo, a economia brasileira deve decolar a partir do 2º semestre do próximo ano. O diagnóstico sobre as causas para a lenta recuperação é preciso: a falência do Estado tanto do ponto de vista financeiro como gerencial.

A opção por políticas liberais é pragmática e não ideológica. O principal desafio é construir níveis mínimos de governabilidade que viabilizem, politicamente, a agenda de reformas estruturais.

Superada essa difícil etapa, o novo estágio de crescimento sustentado com o PIB potencial na faixa de 4 - 5% estará garantido, com expressivos ganhos de mobilidade social.

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